segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Reflexões sobre a expansão Metrô Linhas 6 e 16: qual é o jogo?

Por Paulo César F de Oliveira
Da Coordenação Executiva

Texto para reflexões da Comissão de Transportes e Sistema Viário da Tribuna Democrática Noroeste

O sistema de transporte urbano que São Paulo tem atualmente comporta cinco projetos em estudos mais ou menos integrados. São: Metrô (melhoramento e expansão); 2) TREM - melhoramento e expansão; 3) Corredor de ônibus; 4) Veículo Leve Sobre Trilho - em estudo; 5) Monotrilho - em estudo.

Novidade são os sistemas VLT e Monotrilho. Para essas tecnologias existe uma conjuntura política e empreendedora mais favorável, com demanda, agenda eleitoral apertada, orçamento razoável, interesses de PPPs, e tecnologia que pode ser inclusive importada.

Quanto ao assunto Metrô Freguesia, Brasilândia e Cachoeirinha. Os três objetos foram alocados nas duas linhas: 6 Laranja e 16 Prata. A Linha-6 é a Brasilândia/São Joaquim, estimada ter18,4 Km de extensão, 17 estações e orçamento previsto de R$ 4 bilhões. Na Linha-16 Prata está estimada em 8,3 Km de extensão, 10 estações e orçamento previsto de R$1 bilhão.

A análise na data de hoje, pela tendência conjuntural e extrutural é de que a Linha-6 Laranja parece que acabará sendo ofertada pelo sistema VLT. E a Linha-16 Prata, já foi anunciada tanto pelo sistema VLT quanto pelo sistema monotrilho. Foi o que deu nos jornais.

A conjuntura política, de disputa eleitoral comum na nossa democracia, e de crise financeira mundial, somada à busca por Parcerias Público-Privadas em especial, não revela uma tendência favorável a grandes gastos públicos ou privados que não estimem amortização rápida. A lei do mercado capitalista prima por retorno de curto prazo, lucros altos e palpáveis.

Incluindo desapropriações, obras e compras de Trens,  segundo especialistas no assunto avaliam, cada km de metrô subterrâneo custa perto de 200 milhões de dólares. A Linha-6 Laranja, por exemplo, com extensão estimada em 18,3 Km, se as obras for pelo sistema metrô subterrâneo, custará cerca de 7,4 bilhões de reais, enquanto que os recursos previstos pelo governo do Estado não passam de 4 bilhões de reais.

Para a Linha-16 Prata, que já foi anunciado que será VLT e também que será Monotrilho, os recursos previstos são de 1 bilhão de reais, equivalentes hoje à 498 milhões de Dólares, suficientes para construir 8,3 km de obras pelo sistema Monotrilho que é três vezes mais barato do que o sistema metrô subterrâneo.

Analisando os números, valores e o cenário, verificamos que as alternativas de inovação ao transporte urbano de passageiros que fazem parte dos planos da prefeitura e do governo estadual para o futuro próximo, tendem a ser as alternativas intermediárias em termos de valores, de impacto e de retorno eleitoral, não sendo nem as mais caras e nem as mais baratas.

As escolhas governamentais tendem a priorizar projetos de conclusões mais rápidas e de retornos políticos de curto prazo mais eficientes, para atender necessidades sociais, econômicas e políticas de curto e de médio prazo. Nesse contexto, as chances de projetos caros como obras de metrô subterrâneo para regiões periféricas tende a esmaecer.

Mesmo assim não será o caso de optarmos pelo tudo ou nada. No caso da região noroeste o VLT ou Monotrilho serão bem vindos, porque, se por um lado, não oferece a mesma eficácia e eficiência do sistema de metrô subterrâneo, por outro, não se compara com a ineficiência do sistema de ônibus para viagens longas.

O VLT ou o Monotrilho parece que equivale a um meio-termo para melhor. Talvez não seja o ideal, mas ainda assim parece ser melhor do que do jeito que está. A região vai ter que tomar cuidado para que, no afã de optar pelo "tudo ou nada", não fique com o "nada". A conjuntura econômica e política aponta que não há dinheiro nem tempo suficientes para atender todas as vontades e desejos espalhados pelo Estado de São Paulo no debate da melhoria dos transportes e do sistema metroferroviário.

Não esqueçamos que serão investidos, segundo estimativas oficiais, 17,3 bilhões de reais na melhoria e na expansão do sistema metroferroviário. E não apenas no Metrô e nem exclusivamente no município de São Paulo. Desse  montante, estima-se que cerca de R$ 5 bilhões poderão ser canalizados para as obras das Linhas 6 Laranja e 16 Prata que beneficiarão grandemente a Brasilândia, a Freguesia, Cachoeirinha e toda a região noroeste. Os riscos ainda que remota, desse montante de investimentos ser atraído por outros mercados econômico-sociais ou eleitorais não é ficção.

Temos que ter esse cuidado político em mente. O foco central é como fazer para não perder a previsão que estima determinado montante de investimento capital na região noroeste. Cerca de R$ 5 bilhões, investidos grande parte diretamente na nossa região, trará melhorias econômicas e sociais relevantes. Essa atitude governamental vai ser muito boa para a maelhoria da qualidade de vida na nossa região e quando ela vier teremos muito que agradecer o governo do Estado e a Prefeitura pela acertada escolha.

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