domingo, 30 de agosto de 2009

Monotrilho: nova proposta para o transporte público?

Reflexão pontual

O Caderno Cotidiano da Folha de São Paulo deste domingo (30/08/2009), publicou na página C8 que a zona sul paulistana terá monotrilhos. Embora a pauta central da matéria esteja voltada para a zona sul, seu objeto tem interlocução com o debate sobre Metrô que está em andamento na região noroeste da Cidade de São Paulo, daí a motivação desta publicação no blog da Tribuna Democrática.

No governo estadual os temas sobre transporte público de passageiros são metrô, CPTM e recentemente o plano de VLT (veiculo leve sobre trilho).

Na esfera municipal: Corredor de Ônibus e timidamente o "Fura-Fila" da Gestão Maluf/Pitta, renomeado por "Expresso Tiradentes", na gestão Serra/Kassab. O monotrilho é uma espécie de fura-fila moderno, melhorado em termos de visual urbano e estético, como salienta a Folha, sem dizer, todavia, que trata-se de uma tecnologia japonesa.

Pelo previsto nos planos da prefeitura, nos próximos anos serão implantados 100 km de monotrilhos pela Cidade. Incluindo desapropriações, cada quilômetro de monotrilho custará entre US$ 50 e US$ 70 milhões de dólares. Já para o metrô o custo eleva para US$ 200 milhões por quilômetro de obra, incluindo trêns e desapropriações. Mais barato, porém menos eficiente, é o Corredor de Ônibus, que custa em torno de US$ 30 milhões de dólares por km.

Monotrilho é uma discussão nova sobre transporte público em São Paulo, embora existam mais de 50 modelos em atividade no mundo, segundo a Folha, será a primeira vez que essa experiência contemplará uma grande metrópole como São Paulo. Enquanto debatíamos metrô, corredor de ônibus e CPTM o prefeito Gilberto Kassab buscou na tecnologia japonesa uma nova alternativa para enfrentrar o caos que virou o transporte e o sistema viário de São Paulo. Se essa alternativa vai ofertar bons resultados ou não será tarefa do futuro.

Inclue nas intenções planejadas para o monotrilho interligá-lo com as demais redes sobre trilhos, pagando uma única passagem, que segundo o plano previsto para a zona sul, terá o mesmo custo que a passagem de metrô.

Ora, se o custo do monotrilho é mais barato que o custo do metrô e se a sua capacidade rotativa é mais eficiente, podendo transportar menos passageiros que o metrô, e no entanto, mais passageiros por hora do que os atuais corredores de ônibus, porque equiparar o preço da passagem do monotrilho ao preço da passagem de metrô? O monotrilho poderia ter a passagem mais barata do que a de Metrô e também menor do que a passagem de ônibus.

Quanto ao itinerário, na zona sul os monotrilhos ligarão a região do Jardim Ângela até a Vila Olímpia, passando por Santo Amaro e pelas Avenidas Chucri Zaidan e Luiz Carlos Berrini. O custo total desse empreendimento somará US$ 1,7 bilhão. A previsão de entrega da primeira fase será em 2012.

Os monotrilhos estão previstos também para a zona leste, para a zona norte e para a região da Roberto Marinho, passando pelo Aeroporto de Congonhas.

Na zona leste a linha irá da Vila Prudente até a Cidade Tiradentes. E na zona norte interligará da Lapa à Vila Nova Cachoerinha.

Segundo a concepção publicada na FSP, monotrilho é um trem de rodas, um trem que usa pneus, uma espécie de "Expresso Tiradentes" modificado para melhor. Ele difere do corredor de ônibus, sobretudo, porque as vias por onde trafega são elevadas e também porque supostamente tem uma capacidade maior de atendimento, de conforto e rapidez.

A nomenclatura "mono trilho", porque expressa "trilho", não cessariamente quer dizer "trilho" no sentido literal. "Trilho", remete a trilha, a trecho. É uma via expressa feita para proporcionar o tráfego de veículos específicos, podendo ser veículos com rodas de ferro ou veículos com rodas de pneus. Pneus, que conhecemos remete automaticamente ao tradicional pneu de borracha. Portanto, monotrilho é um trem que, circunstancialmente, pode ter rodas de ferro ou de borracha? No caso do monotrilho dito na mencionada matéria, trata-se de um tipo de trem que usa rodas de pneus. É possível afirmar que os pneus mostrados na ilustração da matéria não sejam pneus de borracha? Esses detalhes aparentemente tão pequenos e indiferentes, não o são para a população.

O monotrilho custa praticamente a metade do orçamento para o metrô, podendo transportar cerca de 30 mil pessoas por hora, com melhor impacto e visual urbano. Uma dúvida pertinente: VLT, (veículo leve sobre trilhos) não seria melhor e mais adequado em termos ambientais do que o trem sobre pneus?

Apesar das vantagens descritas, uma dificuldade que precisa de esclarecimento, segundo alguns técnicos descrevem é como será feito, em caso de sinistro ou de emergência em algum trecho da linha entre as estações, para retirar os passageiros das vias elevadas.

Pelo exposto na proposta virtual parece que não existe acostamento, nem saídas de emergência ao longo das vias. Alguns técnicos insistem nesses pontos como fatores negativos do monotrilho. De todo modo o debate é pertinente e a participação popular e a ação governamental necessária para a busca da melhor e mais eficiente e eficaz alternativa de curto, médio e lomgo prazo.

Por último, tem a questão do financiamento das obras. É natural  relacionar o custo de implantação do metrô aos cofres públicos. A novidade agora, que ainda é cede para se dizer se é benéfica ou maléfica para a sociedade e para a Administração Pública é que a construção do metrô, em alguns trechos, poderá ser feita por meio do PPP (Parceria Publico-Privado).

A futura linha 4 - Amarela, que estenderá da Luz até a Vila Sônia, prevista para ser parcialmente entregue no primeiro semestre de 2010, será entregue à iniciativa privada. Pela PPP trechos das obras serão pagos pela iniciativa privada, que poderá explorar a bilheteria por um período ainda indefinido. Até o momento a maior parte do sistema de metrô e trens de São Paulo teve construção e administração do governo estadual. E os corredores de ônibus, do governo municipal.




Contribuição de:
Paulo César F. de Oliveira

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